Quando o Guaíba sangra: água e imaginário no sul do Brasil

Autores

Palavras-chave:

enchente, água, Porto Alegre, imaginário, mudanças climáticas

Resumo

O artigo aborda o tema das mudanças climáticas no contexto brasileiro, tomando como objeto as enchentes ocorridas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 2024. Assume a perspectiva das teorias da imagem e do imaginário, como formuladas por Gilbert Durand e Gaston Bachelard, debruçando-se sobre a relação entre ser humano e natureza, com especial atenção para o elemento água. A intenção é compreender quais estratégias simbólicas são mobilizadas para lidar com o fenômeno das enchentes, refletindo sobre o papel da comunicação nesse processo. Conclui-se que a água violenta, a exemplo da catástrofe climática, resulta da dominação da estrutura lógica heroica, separatista, do imaginário, contendo esta mesma água uma componente fusional, que torna indistintos os limites entre objetos, humanos e paisagens, numa possível resposta mística equilibrante do inconsciente coletivo.

Biografia do Autor

Ana Taís Martins, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil. Doutora em Ciências da Comunicação com pós-doutorado em Filosofia da Imagem pela Université de Lyon III. Membro do comitê executivo do CRI2i (Centre de Recherches Internationales sur l’Imaginaire). Líder do Imaginalis – Grupo de Pesquisa sobre Comunicação e Imaginário (www.ufrgs.br/imaginalis)

Rayane Lacerda, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Rayane Lacerda é Mestra em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil, e doutoranda no mesmo programa, com bolsa CAPES. Membro do Imaginalis - Grupo de Pesquisa em Comunicação e Imaginário (CNPq/UFRGS).

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Publicado

2024-12-31