A expropriação da terra das comunidades tradicionais de pescadores artesanais

Autores

Palavras-chave:

pesca artesanal, modernização, território, turismo, questão fundiária, especulação imobiliária

Resumo

A geografia brasileira tem evidenciado impactos ambientais, disputas no território e conflitos por território na pesca artesanal. Estabelecendo o diálogo entre 71 dissertações e teses, defendidas entre 1982 e 2015, e denúncias e relatórios dos movimentos sociais da pesca artesanal, expostos entre 2012 e 2015, analisados por meio de técnicas de análise de conteúdo, estabeleceu-se a proposta de compreensão das faces da modernização. Essas se confirmam em trabalhos de campo realizados junto aos movimentos sociais e com grupos de pesquisa que abordam a pesca artesanal. Também encontram suporte as discussões teóricas relativas à modernização do território. Destaca-se nesse artigo a face da “expropriação da terra” que tem impedido ou ameaçado a permanência das comunidades pescadores em seus territórios tradicionais de moradia e vivência por causa do avanço do turismo, das questões fundiárias e da especulação imobiliária.

Biografia do Autor

Cristiano Quaresma de Paula, Universidade Federal do Pará, Brasil

Pós-Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará. Doutor em Geografia

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Publicado

2019-06-30