“ Quem tem poder de escolher a história?”: relatos e reflexões sobre a produção de fotojornalistas brasileiras

Autores/as

Palabras clave:

enquadramentos regulativos, fotojornalismo, história das mulheres, história oral, ditadura militar, democracia

Resumen

Esta investigação tem como objetivo refletir sobre a cobertura fotojornalística de mulheres que, por determinada lógica, podem ser consideradas produtoras de enquadramentos “não oficiais” de uma realidade política e social, quer dizer, de enquadramentos que de alguma maneira rompem com aquilo que seria autorizado pelo Estado vigente, de acordo com o pensamento proposto por Judith Butler. A perspectiva epistemológica dos Estudos de Gênero e o embasamento teórico da História das Mulheres colaboram para o desenvolvimento da reflexão que parte do período histórico da ditadura militar brasileira, iniciada em 1964, e que estabeleceu a censura e o cerceamento de direitos sobre a sociedade civil, mas também recaiu muito fortemente sobre profissionais da imprensa do país. Ao longo da discussão, são apresentados trechos de entrevistas, algumas realizadas e interpretadas a partir da metodologia da História Oral, o que permitiu observar que determinadas experiências fotográficas operam como uma espécie de resistência à imagem que se tentava construir à cerca do país. Acredita-se que tais produções podem consideradas formas de tencionar e desafiar imagens que se tornaram ícone de determinados períodos políticos e que seguem em disputas constantes pelo posto da “verdadeira” história.

Citas

Abreu, A. A. (2002). A modernização da imprensa (1970-2000). Jorge Zahar.

Alegre. E. (2014). Fotografei o caixão de Vlado. Observatório da Imprensa https://www.observatoriodaimprensa.com.br/feitos- desfeitas/_ed819_fotografei_o_caixao_de_vlado/

Alsina, M. (2009). A construção da notícia. Vozes.

Aquino, M. A. (1999). Censura, Imprensa, Estado Autoritário (1968-1978): o exercício cotidiano da dominação e da resistência. Edusc.

Azoulay, A. A. (2018). The civil contract of war. Zone Books.

Azoulay, A. A. & Vicente, F.L. (2020). Unlearning, an interview with Ariella Aïsha Azoulay, Análise Social, 55(235), 417-436. http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/n235_a08.pdf.

Benedicto, N. (2013). Entrevista: Nair Benedicto. Revista Discursos Fotográficos, 9(15), 243-262. [Entrevistador: Paulo César Boni]. https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/article/download/16890/pdf_11.

Berger, P.; Luckmann, T. (1998). A construção social da realidade. Vozes.

Biló. G. (2022) Gabriela Biló: A “bicho chato” de Brasília. Colab PUC Minas https://blogfca.pucminas.br/colab/gabriela-bilo-a-bicho-chato-de-brasilia/

Biló. G. (2023) A Verdade Voz Libertará. https://averdadevoslibertara.com.br/

Butler, J. (2015) Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto? Civilização Brasileira.

Cesarino, L. (2022) O Mundo do avesso – verdade e política na era digital. Ubu.

Cruz. E. (2022). Apêndice C - transcrição de entrevistas realizadas [Transcrição]. [Entrevistadora: Elaine Schmitt]. Vídeo. P.160-166. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/243875/PICH0261-T.pdf?sequence=-1&isAllowed=y

Dancosky, A. K.; Mick, J. & Rocha, P. M. (2022) Masculização e desfeminilização no jornalismo em crise no Brasil (2012-2017). Revista Estudos Feministas, 30(2), 1-16.

Didi-Hubermann, G. (2015) Diante do Tempo: História da Arte e anacronismo das imagens. Ed. UFMG.

Dupuis-Déri, F. (2014). Black Blocs. Veneta.

Gamarnik, C. (2013) La fotografía irónica durante la dictadura militar argentina: un arma contra el poder. Revista Discursos Fotográficos, 9(14), 173-197. DOI: 10.5433/19847939.2013v9n14p173.

Gaspari, E. (2004). A ditadura encurralada. Companhia das Letras.

Grinberg, M. S. A Comunicação Alternativa na América Latina. Petrópolis: editora Vozes, 1987

Jelin, E. (2002) Los trabajos de la memoria. Iberoamericana Social Science Research Council.

Kushnir, B. (2004) Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à constituição de 1988. Boitempo.

Kucinski, B. (1991) Jornalistas e revolucionários. Página Aberta.

Laranjeiras, Á. N. (2014). A Mídia e o Regime Militar. Sulina.

Lima, S. T. de. (2021) A fotografia de Nair Benedito, 1970 - 1985: do registro documental ao percurso poético (trabalho de conclusão de curso de graduação - UNIFESP. https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/58436?show=full

Mcclintock, A. (2010) Couro Imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. UNICAMP.

Nichele, H.; Corrêa, R. (2023). "Mulheres Fotógrafas Anos 80": narrativas sobre uma exposição dedicada a mulheres. ARS (São Paulo), 21(48), 199-235. https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2023.211569

Niedermaier, A. (2008) La mujer y la fotografía: una imagen espejada de autoconstrucción y cons- trucción de la historia. Leviatán.

Oberti, A. (2015). Las revolucionarias: militancia, vida cotidiana y afectividad en los setenta. Edhasa.

Orlandi, E. P. (1992) As formas do silêncio no movimento dos sentidos. UNICAMP.

Pedro, J. M. Viver o gênero na clandestinidade. In: M. Rovai (Eds.), História Oral e Mulheres (33-55). Letra e Voz.

Perrot, M. (1989) Práticas da memória feminina. Revista Brasileira de História. 9(18), 9-18.

Perrot, M. (2005) As mulheres ou os silêncios da história. Edusc.

Pontes, F. S. (2017) Desigualdades estruturais de gênero no trabalho jornalístico: o perfil das jornalistas brasileiras. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, 20(1), 1-15 http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/1310/925.

Proença, C. C. (2015) O conflito da Nicarágua em 1979 em Veja: o trabalho do fotógrafo e as decisões editorais, Mouseion, Canos, (21), 51-70.

Salvatici, S. (2005) Memórias de gênero: reflexões sobre a história oral de mulheres História Oral. Revista História Oral, (8), 29-42. http://revista.historiaoral.org.br/index.phpjournal=rho&page=article&op=view&path%5B%5D=114.

Sá Motta, R. P. (2000) Em guarda contra o “perigo vermelho”: o anticomunismo no Brasil (1917-1964). 315 p. Tese de Doutorado em História. USP.

Schmitt, E.; Colussi, J. (2016) Análise sobre o discurso construído em torno do #impeachmentday

no Twitter: o processo metodológico. In: Encontro Paranaense de Pesquisa em Jornalismo, (14), 1-15.

Schmitt, E. (2017). O golpe civil militar e o jornalismo no interior: análise do discurso produzido pela imprensa de União da Vitória/PR e Porto União/SC em 1964. 168 f. Dissertação (Mestrado em Processos Jornalisticos) - UEPG, Ponta Grossa, https://tede2.uepg.br/jspui/bitstream/prefix/60/1/Elaine%20Schmitt.pdf

Schmitt, E. (2022). Obstinadas: experiências político subjetivas de mulheres fotojornalistas no Brasil ditatorial (1964-1985). Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas. https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/243875/PICH0261-T.pdf?sequence=-1&isAllowed=y

Silva, J. G. da; Pedro, J. M.; Wolff, C. S. (2018) Acervo de pesquisa, memórias e mulheres: o Laboratório de Estudos de Gênero e História e as ditaduras do Cone Sul. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, p. 193-210.

Silva, N. C. (2017) Mulheres e fotojornalismo: influência cultural e formação na inserção profissional. XVII Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, 2017, Curitiba. Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, http://portalinter.com.org.br/anais/nacional2017/resumos/R12-1145-1.pdf.

Sontag, S. (2004) Sobre Fotografia. Companhia das Letras.

Taschner, G. (1992). Folhas ao Vento: Análise de um conglomerado jornalístico no Brasil. Paz e Terra.

Yannoulas, S. C. (2012). Feminização ou Feminilização? Apontamentos em torno de uma categoria. Temporalis, 11(22), 271–292. https://doi.org/10.22422/2238-1856.2011v11n22p271-292

Zerwez, E. & Costa, H. (2021) Mulheres Fotógrafas / Mulheres Fotografadas: fotografias e gênero na América Latina. Intermeios.

Zerwes, E. & Costa, E. A. (2017) Los Coloquios Latinoamericanos de Fotografía y la institucionalización de una fotografía brasileña. Revista de Estudios Brasileños, 4(8) 145-159. https://doi.org/10.3232/REB.2017.V4.N8.3073

Publicado

2023-12-31