A identidade “quebradeira de coco” como símbolo de pertencimento na territorialização dos babaçuais

Autores/as

Palabras clave:

Médio Mearim, Campesinato, Babaçu Livre, Mulheres Rurais, Gênero

Resumen

Gênero e território se entrelaçam no debate sobre relações sociais de poder, sendo con- ceitos fundamentais para a compreensão da realidade do campesinato brasileiro. O artigo reflete sobre os processos de territorialização das organizações das mulheres quebradeiras de coco a partir de suas práticas e acordos para acesso, uso e gestão do babaçu, no território do Médio Mearim, Maranhão. Evidencia a conexão entre estudos de gênero e campesinato a partir da realidade do trabalho das quebradeiras de coco babaçu, assim como discute desdobramentos na aplicação da Lei do Babaçu Livre na territorialidade da mulher quebradeira de coco e sua luta pela valorização da coleta e quebra do babaçu. O estudo concluiu que as práticas e acordos de acesso e uso no contexto relacionado ao manejo do babaçu resultam na construção do território em que a territorialidade é marcada pelas relações de poder. Além disso, o estudo concluiu que a trajetória das quebradeiras de coco babaçu indica que reterritorializar campos desiguais a partir da perspectiva de gênero é o passo mais importante para construir políticas públicas mais efetivas, pois a desigualdade social no campo somente será superada se houver também combate à desigualdade de gênero.

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Publicado

2023-12-31